Saúde

Janeiro Branco: cuidar da saúde mental dos motoristas reduz mortes no trânsito

Todo mundo já ouviu falar do Setembro Amarelo, que marca a prevenção contra o suicídio, mas pouca gente ainda conhece a campanha do Janeiro Branco, que tem como objetivo chamar a atenção para as questões relacionadas à saúde mental. Mesmo antes da pandemia, o Brasil já registrava índices alarmantes de depressão, ansiedade e outros transtornos relacionados à saúde mental. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que 5,8% dos brasileiros sofrem de depressão. Essa é a maior taxa da América Latina e a segunda maior das Américas, estando atrás apenas dos Estados Unidos.

Depois do novo coronavírus mudar toda nossa rotina e relações interpessoais, a ocorrência desses males cresceu vertiginosamente. Uma pesquisa do Ministério da Saúde revelou elevada proporção de ansiedade (86,5%) entre os entrevistados, além da presença de transtorno de estresse pós-traumático (45,5%) e ocorrência de depressão (16%).

Na avaliação do coordenador da Mobilização Nacional dos Médicos e Psicólogos Especialistas em Trânsito e diretor da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (AMMETRA), Alysson Coimbra, esse quadro revela a necessidade ainda maior de cuidarmos da saúde dos nossos motoristas. “O baixo histórico do brasileiro na prevenção de sua saúde eleva ainda mais a importância dos exames realizados por médicos e psicólogos especialistas no ato da obtenção e na renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). São um importante mecanismo de diagnóstico precoce e intervenção, que evitam acidentes e mortes no trânsito. O exame por especialistas é um importante aliado na missão de salvar vidas e evitar suicídios”, afirma o especialista.

Pesquisas feitas pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (ABRAMET) revelam que questões relacionadas à saúde física e mental são responsáveis pela maior parte dos acidentes nas rodovias do Brasil. “Negligenciar os cuidados com a saúde dos motoristas é colocar a vida de todos em risco, não só nas estradas, mas em todos os setores da nossa sociedade. Toda prevenção é importante”, completa Coimbra.

Por isso, entidades médicas estão mobilizadas para garantir que a saúde dos condutores seja avaliada somente por médicos e psicólogos especialistas, como determina a Resolução 425/12 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran).


O médico Alysson Coimbra

Na avaliação do senador Fabiano Contarato (Rede/ES), é preciso derrubar o veto ao artigo 147 da Lei 14071/2020 do novo código de trânsito, e garantir que especialistas continuem avaliando os motoristas. “A avaliação psicológica tem que ocorrer em todos os momentos: tanto na primeira habilitação, quanto nas suas sucessivas renovações, sendo o condutor motorista profissional ou não. Isso garante segurança para todos, porque barra pessoas com questões de saúde mental que afetam a capacidade de conduzir um veículo e colocam a vida de todos, inclusive delas próprias, em risco”, afirma o senador.

Na avaliação de Coimbra e Contarato, o trânsito tem que ser enfrentado como uma questão de saúde pública. Contarato atuou como delegado de delitos de trânsito por mais de dez anos, foi diretor-geral do Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES) e conhece os desafios para tornar o trânsito mais seguro no Brasil. “Trânsito seguro é direito de todos e dever do Estado. A violência no trânsito tem matado mais de 40 mil pessoas por ano e mutila mais de 400 mil anualmente. E quem sofre a dor da perda e tem a certeza da impunidade é a família da vítima. Além disso, os acidentes também impactam em sobrecarga e altos custos no sistema público de saúde”, argumenta o senador.


Senador Fabiano Contarato
(Waldemir Barreto/Agência Senado)

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