São Paulo

Proteção contra hepatite viral está disponível nas unidades de saúde

Oficialização do #JulhoAmarelo colabora com prevenção da doença, que, muitas vezes, é silenciosa e não apresenta sintomas

Uma lei sancionada em janeiro passado garantiu a realização da ação #JulhoAmarelo, para chamar a atenção da população para a luta contra hepatites virais. O objetivo é reforçar as iniciativas de vigilância, prevenção e controle do agravo em relação à doença.

A data de 28 de julho, aliás, é lembrada como o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais, criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a legislação, “a mobilização deverá ser realizada a cada ano, em todo o território nacional, durante o mês de julho, para conscientizar sobre os riscos, alertar sobre as formas de prevenção e estimular as pessoas a se vacinarem contra as hepatites A e B e a buscarem o diagnóstico precoce”.

Sintomas

Hepatite é a inflamação do fígado que pode ser causada por vírus, uso de alguns remédios, álcool e outras drogas, além de doenças autoimunes, metabólicas e genéticas. O maior problema: ela é uma doença silenciosa e nem sempre apresenta sintomas, mesmo os mais comuns, como cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

O diagnóstico é feito por meio de exames específicos de amostras de sangue para identificação do tipo de vírus que causou a hepatite. As mais graves são as do tipo B e C, transmitidas por sangue, secreções ou via sexual.

Embora já exista vacina contra a B, por exemplo, todos os profissionais de saúde alertam: a melhor forma de evitar a hepatite é mesmo a prevenção da doença. “Até 49 anos de idade, todas as pessoas que procurarem um posto de saúde podem – e devem – se vacinar”, diz o coordenador do grupo de Hepatite do Instituto Emílio Ribas, Roberto Foccacia.

O médico também aponta os grupos que estão mais expostos ao contágio. “Profissionais da saúde, do sexo, manicures, barbeiros também precisam ficar bastante atentos”, completa. Ele explica que a maior preocupação é em relação à hepatite C e a sua quase total falta de sintomas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 3% da população mundial estão infectados. “A doença evolui silenciosamente, as pessoas não sabem que são portadoras do vírus e, no futuro, desenvolvem inclusive outras doenças, como cirrose, insuficiência hepática e até o câncer de fígado”, salienta.

Cuidados imprescindíveis

Para se prevenir, algumas medidas simples podem ser fundamentais, como, por exemplo, usar sempre preservativos nas relações sexuais, não compartilhar objetos de higiene pessoal, como escovas de dente, cuidado ao fazer piercings e tatuagens, ou mesmo com objetos cortantes nos salões de beleza – verifique se todos os instrumentos são devidamente esterilizados nesses estabelecimentos.

A enfermeira do Hospital Emílio Ribas Andreia Schunck afirma que a cutícula é a proteção das unhas e, ao retirá-la, pode haver sangramento. Essa pode ser a fonte de transmissão das hepatites. “O vírus da Hepatite B é 100 vezes mais infeccioso que o HIV e ele permanece sete dias no ambiente. Se o material usado para fazer a unha foi contaminado com o sangue infectado, ele permanece nos instrumentos e na superfície onde está trabalhando”, orienta.

Os materiais, como lixas e palitos, precisam ser de uso individual e descartável. A luva também serve como uma proteção individual e os alicates precisam sofrer o processo de limpeza (lavados com água sabão e depois esterilizados).

“O ideal é que cada pessoa leve o seu kit individual. As profissionais também precisam receber as três doses da vacina contra a hepatite B. Para a hepatite C e micose, não existe vacina. Então, é preciso boas práticas de higiene para não haver contaminação”, complementa.

Revolução

De acordo com o infectologista Gustavo Kawanami, em fevereiro de 2002 foi criado o Programa Nacional de Hepatites Virais, voltado ao atendimento de aproximadamente 2 a 3 milhões de brasileiros portadores da hepatite C.

“Nos últimos 15 anos, nenhuma outra doença infecciosa passou por uma revolução tão grande em relação ao tratamento da hepatite C. Em 2002, falávamos de taxas de controle do vírus que não excediam 55%. Em 2012, instituímos tratamentos almejando taxas de cura próximas a 70%. Hoje, já existem tratamentos mais curtos, com efeitos colaterais exponencialmente menores e chances de cura em torno de 92%”, explica.

A Secretaria de Estado da Saúde organiza diversas atividades que incluem testagem e orientação a população para incentivar a prevenção: nos últimos anos, houve um aumento no número de notificações de casos de hepatite C, que passou de 4,9 mil, em 2014, para 7,6 mil, no ano passado.

Por outro lado, os casos de hepatite B diminuíram 3,7%, no período, com 3 mil casos em 2016, contra 3,2 mil três anos atrás. “Essas ações visam principalmente a orientar a população acerca das hepatites virais, com o objetivo de prevenir e alertar sobre a importância do diagnóstico precoce”, afirma Sirlene Caminada, diretora do Programa Estadual de Hepatites Virais do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria.

Providências

Apesar da instituição do #JulhoAmarelo, os testes de hepatite B e C podem ser feitos em qualquer período do ano. E providências simples de serem tomadas precisam de reforço, para evitar surpresas:

– Evitar contato direto com o sangue e não compartilhar materiais que contenham resíduos de sangue, como seringas, agulhas, canudos para aspiração de drogas, escovas de dente, barbeadores, navalhas, alicates de cutícula;

– Utilizar materiais descartáveis ou esterilizados para colocação de piercing e tatuagem (neste procedimento a tinta deve ser de uso individual);

– Usar regularmente e de forma correta preservativos masculinos ou femininos nas relações sexuais.

Para obter mais informações, o interessado pode ligar para o serviço Disk DST/Aids, pelo telefone 0800 162 550.

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