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Empresas adotam nova estratégia para gerar negócios

No ambiente de trabalho atual, em que reuniões se multiplicam e comunicações automatizadas se tornaram rotina, empresas têm buscado formas alternativas de promover interações mais ricas e significativas. Uma dessas apostas é a criação de comunidades organizadas de troca entre líderes e clientes.

Esse movimento surge como reação à chamada hiperconectividade: o uso constante de vários canais de comunicação, que amplia o alcance das redes, mas muitas vezes não resulta em conexões verdadeiramente relevantes. Um estudo da Harvard Business Review mostra que 64% dos entrevistados se conectam a marcas principalmente pelo alinhamento de valores, evidenciando a busca por relações mais autênticas no ambiente corporativo.

Mais do que apenas ampliar a rede de contatos, o foco agora está em construir um senso real de pertencimento. As empresas têm investido em práticas que favorecem interações contínuas, com vínculos mais sólidos, deixando em segundo plano ações pontuais e campanhas isoladas. O Edelman Trust de 2023 confirma essa tendência: 88% dos consumidores dizem que a confiança é fator decisivo nas escolhas de compra, reforçando a importância de relações construídas ao longo do tempo.

A REDE Líderes é um dos exemplos dessa nova abordagem. Formada por lideranças de empresas como Mercado Livre, Simetrik, Grupo Boticário, Quinto Andar, Hackers Rangers e Alpargatas, a REDE promove encontros voltados a temas como tecnologia, liderança e inovação. Diferentemente dos formatos tradicionais de palestras e apresentações formais, esses encontros priorizam a troca direta de experiências e a construção coletiva de soluções.

“Na REDE Líderes, entendemos que somente trocando conhecimento entre áreas diversas os problemas reais das empresas serão resolvidos e as oportunidades surgirão”, afirma Vitor Magnani, presidente da comunidade. Para ele, há um cansaço crescente diante de e-mails de marketing e discursos de vendas em eventos corporativos. “As pessoas buscam comunidades com propósito claro e que realmente gerem valor agregado para suas carreiras e empresas”, afirma.

Outro fator que impulsiona o crescimento das comunidades é a sobrecarga de informações. Um levantamento da Deloitte mostra que 64% dos profissionais em cargos de liderança relatam sentir os efeitos da fadiga digital — resultado da exposição constante a notificações, dados e mensagens. Em resposta, empresas têm apostado em comunidades para criar ambientes mais filtrados, nos quais as interações sejam mais qualificadas e o excesso de estímulos seja moderado.

Em um ambiente digital caracterizado pelo alto volume de informações e múltiplos canais de comunicação, o uso de comunidades tem sido empregado como forma de estruturar fluxos de interação entre diferentes públicos. Esses espaços reúnem participantes com funções, responsabilidades ou interesses comuns, permitindo o compartilhamento de informações, a circulação de conteúdos e a troca de experiências sobre temas específicos.

A formação de comunidades pode servir para reunir dados que estariam dispersos em canais distintos e para concentrar interações que ocorreriam de maneira fragmentada. Em alguns casos, conteúdos operacionais, dúvidas recorrentes e documentos de referência são disponibilizados nesses ambientes, o que pode alterar a dinâmica de acesso e disseminação da informação dentro da organização.

Essas comunidades também podem ser estruturadas para tratar de temas ligados à atuação institucional de uma empresa, como diretrizes, políticas internas ou posicionamentos organizacionais. Quando organizadas com esse foco, tornam-se pontos de interação entre a organização e os públicos envolvidos na execução dessas diretrizes. A depender do arranjo adotado, podem abranger áreas internas, fornecedores, parceiros comerciais ou outros públicos estratégicos.

O formato das comunidades varia de acordo com os objetivos definidos e com a estrutura da organização. Algumas funcionam de maneira fechada, com acesso restrito e mediação ativa; outras operam em plataformas abertas, com participação voluntária. A forma escolhida influencia a periodicidade das interações, o volume de participação e o nível de envolvimento dos integrantes.

Essas interações podem ser síncronas ou assíncronas. Ferramentas como fóruns, grupos de mensagens, encontros virtuais e postagens em ambientes digitais são utilizadas para viabilizar a participação dos membros. A definição do formato depende de fatores como disponibilidade de recursos, perfil dos participantes e objetivos estabelecidos.

Na REDE Líderes, por exemplo, os encontros entre os membros são mensais e presenciais, e o atendimento às pessoas é realizado por uma rede social de mensagens. “Preferimos usar a rede social para atender individualmente cada membro, porque facilita no dia a dia corrido das pessoas, e o encontro presencial funciona para aumentar o engajamento coletivo”, afirma Magnani.

Algumas organizações acompanham as atividades das comunidades com o uso de métricas como número de participantes ativos, frequência nas ações e diversidade de temas tratados. Esses dados são utilizados internamente para fins de gestão, sem interferência direta no conteúdo das interações. Também podem ser observadas práticas de registro de encontros, disponibilização de materiais e integração com outras iniciativas da empresa.

Há situações em que as comunidades são utilizadas para reunir sugestões, identificar propostas ou mapear demandas relacionadas a processos internos ou externos. A formalização de qualquer resultado decorrente dessas interações depende de avaliação da organização e do alinhamento com suas políticas e procedimentos vigentes.

Em determinados cenários, a interação entre pessoas de diferentes áreas ou níveis hierárquicos contribui para a identificação de interesses compatíveis ou projetos em desenvolvimento. A continuidade dessas interações pode gerar desdobramentos operacionais, propostas de colaboração ou encaminhamentos comerciais, conforme os critérios e estruturas definidos pela organização.