Opinião

Lucro fácil ou cilada? Leilões de imóveis prometem desconto, mas cobram caro de quem erra

Com até 60% de desconto, leilões atraem investidores e compradores iniciantes — mas riscos jurídicos e emocionais podem frustrar. Advogado alerta para os perigos e dá dicas para evitar prejuízos

Descontos generosos, possibilidade de uso do FGTS e retorno rápido: os leilões de imóveis vêm ganhando espaço entre os brasileiros, especialmente os iniciantes. Mas o que parece ser uma oportunidade imperdível pode esconder armadilhas. O advogado Carlos Campi, especialista em Direito Imobiliário com foco em leilões, alerta: “O maior erro é acreditar que leilão é uma compra comum.” De acordo com ele, sem preparo jurídico e emocional, o que começa como investimento pode terminar em frustração e prejuízo.

Oportunidade ou Ilusão?
O apelo dos leilões de imóveis está nos grandes descontos, possibilidade de financiamento com o uso de FGTS e a promessa de retorno rápido. “Hoje é possível arrematar imóveis com valores até 60% abaixo do mercado”, afirma Campi. Porém, esse atrativo esconde complexidades: “Muitos compram sem nem ler o edital e se surpreendem com ocupações, dívidas e processos que atrasam ou inviabilizam o uso do imóvel”.

Riscos Jurídicos: Onde a Euforia Vira Problema
Campi alerta que o leilão não é uma compra comum. “Cada imóvel tem um histórico jurídico. Débitos condominiais, ações judiciais e nulidades processuais podem transformar o lucro esperado em prejuízo”. O advogado também chama atenção para os golpes: “Confirmar a autenticidade do leilão e ter assessoria jurídica especializada é essencial”.

Investidor ou Morador? Cada Perfil Tem um Risco
Há diferença entre quem compra para morar e quem compra para investir. O primeiro, geralmente mais emocional, pode ultrapassar o limite do lance. O segundo, mais racional, busca margem de lucro. “A euforia é um dos maiores inimigos do arrematante”, explica Campi. “Planejamento e teto de lance definidos são indispensáveis”.

Leilão x Outros Investimentos
Enquanto investimentos em renda fixa oferecem segurança com retornos limitados, o leilão está no quadrante de alto risco e alto retorno. “O leilão exige domínio técnico e emocional. Não há volatilidade como na bolsa, mas exige preparo e paciência para render frutos”.

Cenário Econômico Impulsiona o Crescimento dos Leilões
A busca por economia e a dificuldade de crédito também estão por trás do crescimento desse mercado. “Com juros altos e aumento da inadimplência, cresce o número de imóveis indo a leilão — e, com isso, a percepção de que há mais oportunidades. Mas é justamente esse aumento que exige mais atenção e preparo por parte dos compradores”, afirma Campi.

O Fator Psicológico: Lucro Rápido é Sedução Perigosa
Segundo o especialista, a romantização dos leilões está sendo alimentada por vídeos simplificados e “gurus” nas redes sociais. “O entusiasmo ofusca a prudência. Quem entra por impulso, sai frustrado”. A recomendação é clara: “Tenha frieza e disciplina. O mercado de leilões recompensa quem age com técnica, não com emoção”.

Legislação Mais Clara Atrai Novos Investidores
Campi também aponta que mudanças legislativas têm estimulado o aumento de arrematantes. “O novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/15) simplificou os procedimentos dos leilões judiciais, tornando o processo mais acessível e seguro. Além disso, jurisprudências recentes vêm consolidando entendimentos e fortalecendo a segurança jurídica das arrematações”.

Checklist do Leilão: 10 passos para comprar imóvel sem dor de cabeça
Com a crescente popularização dos leilões, o advogado Carlos Campi preparou um guia essencial para quem deseja investir com segurança:

  1. Verifique a autenticidade do leilão — fuja de sites e intermediários suspeitos.
  2. Leia o edital com atenção total — é ele quem dita as regras da compra.
  3. Consulte a matrícula atualizada do imóvel — e identifique possíveis restrições.
  4. Cheque dívidas do imóvel — como IPTU, condomínio, ações judiciais.
  5. Confirme a intimação do devedor — erros nesse ponto podem anular o leilão.
  6. Descubra se o imóvel está ocupado — e avalie o custo da desocupação.
  7. Faça uma análise de viabilidade financeira — calcule todos os gastos reais.
  8. Defina um teto de lance e respeite-o — não se deixe levar pela emoção.
  9. Busque assessoria jurídica especializada — isso evita prejuízos invisíveis.
  10. Esteja preparado técnica e emocionalmente — paciência é tão importante quanto conhecimento.
    “O maior erro é acreditar que leilão é uma compra comum. Nunca arremate sem ler o edital e sem estar bem assessorado”, aconselha Campi.

Sobre o advogado Carlos Campi: Dr. Carlos Campi é sócio-fundador do escritório Carlos Campi Advogados e da Fratelli Leilões. Com mais de dez anos de experiência, é especializado em Direito Imobiliário, com foco em leilões e regularização de imóveis. Atua como consultor de investidores que buscam segurança jurídica e retorno financeiro em operações com imóveis de origem judicial e extrajudicial.

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