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Cidades podem salvar mais de 45 mil vidas por ano com abordagem de saúde preventiva, diz relatório 

Estudo aponta que intervenções urbanas simples poderiam reduzir mortes relacionadas ao calor, poluição do ar e falta de saneamento, além de evitar US$ 2 bilhões em custos de saúde anuais na América Latina e Caribe
 

Uma coalizão global de 29 cidades, liderada pelo Rio de Janeiro e Cidade do México, lançou o relatório O Caso para a Ação: O poder da prevenção para proteger a saúde em um clima em transformação”, que evidencia os riscos e oportunidades da região da América Latina e Caribe frente às mudanças climáticas.
 

O estudo, que é o primeiro da iniciativa “Cidades Resilientes, Reinventando a Saúde”, parceria da Sustainable Markets Initiative e da Rede de Cidades Resilientes, liderada pelo Grupo Reckitt e a Bupa, com apoio da Escola de Saúde Pública da Universidade Yale, Mode Economics e Sanofi, mostra que medidas preventivas e de baixo custo, como áreas verdes urbanas, telhados refletivos, transporte ativo, saneamento básico e sistemas de alerta precoce, poderiam salvar até 45 mil vidas por ano e reduzir em US$ 2 bilhões os custos de saúde na região. Além disso, evitariam a emissão de cerca de 0,4 MtCO₂e, ou 400 mil toneladas de dióxido de carbono equivalente , o que representa tirar quase 87 mil carros das ruas (considerando a média de 4,6 toneladas de CO₂ emitidas por carro/ano segundo a EPA).
 

O relatório alerta ainda que o aumento das doenças crônicas, o envelhecimento da população, os custos crescentes do tratamento e as desigualdades estão levando os sistemas de saúde ao limite. Até 2030, projeta-se um aumento de 59% na mortalidade urbana por calor extremo e de 11% devido à poluição do ar na América Latina e no Caribe.
 

Destaques para América Latina e Caribe

Muitas cidades da América Latina, incluindo Rio de Janeiro e Salvador, enfrentam alto risco climático e sanitário, enquadrando-se no perfil de “fast-growing cities”, com crescimento urbano acelerado, altos índices de doenças infecciosas persistentes e aumento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). O estudo indica que essas condições tornam as cidades mais vulneráveis a riscos como calor extremo, enchentes e surtos de doenças transmitidas pela água.
 

O relatório também evidencia que a carga de saúde é desigual: populações de baixa renda, mulheres, crianças e idosos sofrem riscos desproporcionais. Entre os achados, mulheres apresentam 8% mais risco de morte em ondas de calor, enquanto crianças menores de cinco anos têm 10% maior mortalidade por calor e quatro vezes mais risco de morte por falta de água, saneamento e higiene (WASH).
 

Porém, segundo o estudo, intervenções urbanas simples podem ter impacto significativo. Infraestrutura verde e telhados frios poderiam reduzir em até 34% as mortes relacionadas ao calor e em 15% aquelas ligadas à poluição do ar. Medidas WASH, como filtragem de água e melhorias em saneamento, poderiam prevenir 12 mil mortes anuais, enquanto iniciativas de urbanismo ativo e prescrições sociais poderiam evitar 13 mil mortes até 2030. Sistemas de alerta precoce, que já reduziram em 13% a mortalidade por calor em cidades como Ahmedabad, na Índia, servem de referência para adaptação local.
 

Além dos benefícios à saúde, a implementação coordenada dessas medidas preventivas traria forte retorno econômico, reduzindo internações, aliviando a pressão sobre os sistemas de saúde e diminuindo desigualdades.

O estudo também identificou barreiras regionais, como limitações no acesso a financiamento municipal, dependência de repasses nacionais, lacunas de dados e dificuldade em construir “business cases” capazes de atrair investimentos privados e públicos em prevenção.
 

Por fim, os achados destacam a necessidade de expandir o acesso universal a serviços essenciais, como água potável, saneamento e resfriamento urbano; incluir populações vulneráveis, como pessoas em situação de rua, muitas vezes excluídas dos programas de resiliência urbana; e desenvolver ferramentas locais de decisão com dados atualizados, análises de custo-benefício e planos de financiamento inovadores.
 

O papel do Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro, junto com a Cidade do México, lidera a coalizão, publicando recomendações para outras cidades enfrentarem as ameaças à saúde causadas pelas mudanças climáticas. No Brasil, Porto Alegre e Salvador também participam da iniciativa.

Entre os papéis da cidade na iniciativa estão:

● Utilizar dados para enfrentar os impactos das mudanças climáticas.

● Usar seu Protocolo de Calor para liderar no uso de informações em favor da saúde pública e da proteção da população.

● Servir como um exemplo, onde seu trabalho “abre caminho para ferramentas e orientações que poderão ser adaptadas e aproveitadas por cidades no mundo inteiro”.


Thiago Curvello, Chefe Executivo do Centro de Operações e Resiliência da Cidade do Rio de Janeiro, comentou: “Para uma cidade dinâmica como o Rio de Janeiro, contar com os dados certos é essencial. Este relatório aponta dados e estratégias que podem ajudar a nossa capital a se tornar mais segura e resiliente para todos os moradores, além de abrir caminho para ferramentas e orientações que poderão ser adaptadas e aproveitadas por cidades no mundo inteiro”.

A coalizão agora trabalha para desenvolver um guia prático para incorporar a equidade em saúde e prevenção diretamente nos planos climáticos, além de ferramentas de avaliação para identificar e priorizar as intervenções.
 

Kris Licht, CEO do Grupo Reckitt, diz que “à medida que aumentam as pressões sobre os sistemas de saúde, alcançar as pessoas antes que se tornem pacientes, por meio da prevenção, do autocuidado e da adaptação climática, torna-se mais crítico do que nunca. Este projeto integra nosso compromisso de ampliar o acesso à saúde e à higiene em todo o mundo, oferecendo às cidades, ferramentas práticas para implementar intervenções que salvam vidas, aliviam os sistemas de saúde e beneficiam as pessoas e o planeta.”
 

Já Iñaki Ereño, CEO da Bupa, declara que “a boa saúde começa muito antes do atendimento médico — no ar que respiramos, na comida que ingerimos e nas cidades nas quais moramos. Mas essas bases estão cada vez mais ameaçadas pelas mudanças climáticas, dificultando a manutenção da saúde e sobrecarregando os sistemas de saúde. Na Bupa, acreditamos que a resposta está na prevenção: fortalecer os ambientes, sistemas e modelos que sustentam a saúde. Ao reimaginar cidades com o bem-estar no centro e trabalhar em parceria, podemos ajudar as pessoas a viver mais saudáveis por mais tempo, reduzir desigualdades e construir sistemas de saúde mais resilientes e sustentáveis.”
 

Clique aqui para baixar o relatório completo.
 

Sobre Resilient Cities, Reimagining Health

A iniciativa Resilient Cities, Reimagining Health é uma parceria de dois anos entre o Health Systems Taskforce da Sustainable Markets Initiative, liderado pela Reckitt e pela Bupa, e a Rede de Cidades Resilientes, com apoio da Yale School of Public Health, da Mode Economics e da Sanofi. Esta coalizão global inédita, que reúne 29 cidades em 19 países, junto com empresas do setor de saúde, instituições acadêmicas e representantes do setor privado, atua para compreender as prioridades das cidades, os obstáculos que enfrentam e desenvolver as ferramentas e os recursos necessários para superar as crescentes ameaças que as mudanças climáticas representam para a saúde da população e para os sistemas de saúde:

· Ferramentas de avaliação em saúde, para compreender a magnitude e os fatores determinantes dos riscos atuais e futuros à saúde, adaptadas ao contexto específico de cada cidade.

· Ferramentas de tomada de decisão para apoiar o desenvolvimento da justificativa econômica da adoção de pacotes de intervenções. Essas ferramentas de avaliação econômica podem ajudar a identificar e estruturar as abordagens de melhor custo-benefício, considerando co-benefícios, além de orientar estratégias de financiamento que combinem recursos públicos e privados.

· Guias de implementação (playbooks), com roteiros passo a passo para o desenho e a execução de estratégias, incluindo modelos exemplares de parceria e de financiamento.

Cidades Participantes

Greater Manchester (Reino Unido); Lagos (Nigéria); Cidade do México (México); Rio de Janeiro (Brasil); Berkeley (Estados Unidos); Condado de Broward (Estados Unidos); Buenos Aires (Argentina); Cidade do Cabo (África do Sul); Christchurch (Nova Zelândia); Ciudad Juárez (México); Colima (México); Glasgow (Reino Unido); Região Metropolitana de Guadalajara (México); Londres (Reino Unido); Medellín (Colômbia); Melbourne (Austrália); Monterrey (México); Montevidéu (Uruguai); Nairóbi (Quênia); Cidade do Panamá (Panamá); Penang (Malásia); Porto Alegre (Brasil); Cidade de Quezon (Filipinas); Ramallah (Palestina); Salvador (Brasil); Santa Fé (Argentina); Santiago (Chile); Semarang (Indonésia); Surat (Índia); Sydney (Austrália).

Sobre o Sustainable Markets Initiative

A Sustainable Markets Initiative (SMI) é a principal organização do setor privado dedicada à transição sustentável, marcada por sua abordagem única de “diplomacia do setor privado”. Inspirada pela visão de seu fundador, Sua Majestade o Rei Charles III, e com um poder de articulação único, a SMI facilita a ação conjunta entre líderes globais e CEOs para colocar a sustentabilidade no centro da criação de valor mundial.

Juntos, buscamos mobilizar os trilhões de dólares necessários para alcançar um futuro sustentável. Investimentos dessa magnitude exigem uma transformação sistêmica global, com uma orientação sustentável como padrão em mercados, indústrias e cadeias de logística. É nesse contexto que nossos mandatos, a Terra Carta e a Astra Carta, oferecem trajetórias práticas para o setor privado.

A SMI acredita que, com ambição e liderança corajosa, é possível inaugurar uma nova era de prosperidade global duradoura para as próximas gerações. Chamamos isso de “A História de Crescimento da Nossa Era”.

Saiba mais: www.sustainable-markets.org/

 Sobre a Força-Tarefa de Sistemas de Saúde da Sustainable Markets Initiative

A Força-Tarefa de Sistemas de Saúde da Sustainable Markets Initiative é uma parceria público-privada lançada durante a COP26, composta por empresas do setor de saúde (AstraZeneca, Bupa, GSK, Novartis, Novo Nordisk, Merck Group, Reckitt, Roche, Samsung Biologics e Sanofi), pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por importantes parceiros do setor público (NHS England, Sustainable Healthcare Coalition, Universidade de Pavia e Universidade de Glasgow).

A Força-Tarefa está promovendo ações em escala com foco em quatro áreas prioritárias:

● Descarbonização da Cadeia Logística

● Descarbonização dos Cuidado em Saúde

● Inovação Digital

● Saúde e Bem-estar do Consumidor

Os Lighthouse Projects da SMI são criados para demonstrar as formas através das quais diferentes atores estão alcançando progressos concretos no enfrentamento dos desafios sanitários, sociais, econômicos, ambientais, tecnológicas, regionais ou industriais mais urgentes do nosso tempo.

Sobre a Rede de Cidades Resilientes R-Cities

A Resilient Cities Network é a principal rede mundial de resiliência urbana. Reúne conhecimento global, prática, parcerias e financiamento para empoderar seus membros a construir cidades seguras e equitativas. Sua abordagem única, liderada pelas próprias cidades, garante que as agendas sejam definidas de acordo com as necessidades das comunidades locais. Atuando em quase 100 cidades ao redor do mundo, a Rede de Cidades Resilientes apoia projetos e soluções aterrizadas para construir cidades resilientes ao clima, circulares e justas, além de facilitar conexões e o intercâmbio de informações entre comunidades e lideranças locais.

Para mais informações, acesse: Link

Sobre a Bupa

Fundada em 1947, a Bupa tem como propósito apoiar vidas mais longas, saudáveis e felizes e contribuir para um mundo melhor. Somos uma empresa internacional de cuidados em saúde, atendendo mais de 60 milhões de clientes em todo o mundo. Sem acionistas, reinvestimos nossos lucros na provisão de mais e melhores serviços de saúde, em benefício dos clientes atuais e futuros.

A Bupa atua em diversos países, principalmente na Austrália, Reino Unido, Espanha, Polônia, Chile, Hong Kong (RAE), Índia, Turquia, Brasil, México e Nova Zelândia. Também mantemos empresas associadas na Arábia Saudita.

Na Bupa, observamos de perto como as mudanças climáticas impactam a saúde e reconhecemos que o setor de saúde precisa se adaptar a um mundo em transformação. Estamos trabalhando para construir sociedades mais saudáveis, com foco em manter a saúde das pessoas, na ampliação do acesso aos cuidados por meio da inovação e na descarbonização da prestação de serviços de saúde, promovendo a saúde das pessoas e do planeta, sem comprometer a saúde.

Saiba mais em Bupa.com.

Sobre o Grupo Reckitt

O Grupo Reckitt desenvolve os produtos em que as pessoas confiam para cuidar de quem amam. A empresa é responsável por algumas das marcas de saúde e higiene mais reconhecidas e queridas do mundo, incluindo Dettol, Durex, Finish, Gaviscon, Harpic, Lysol, Mucinex, Nurofen, Strepsils, Vanish e Veet. Os consumidores estão no centro de tudo o que a companhia faz. Por meio de soluções inovadoras e baseadas na ciência, o Grupo Reckitt apoia diariamente milhões de pessoas a viverem de forma mais saudável.

O Grupo Reckitt existe para proteger, curar e nutrir, com o propósito de construir um mundo mais limpo e saudável. Esse compromisso vai além dos produtos que fabrica: por meio de suas ações, a empresa amplia o acesso à saúde, à educação e a oportunidades econômicas. Também apoia o planeta por meio da redução de resíduos, da conservação de recursos e do estímulo à inovação sustentável. O Grupo Reckitt acredita que a boa saúde começa em casa. Com cada ação que toma, a empresa busca tornar a vida dos consumidores mais simples, limpa e saudável, para fortalecer comunidades e contribuir para a construção de um futuro mais sustentável.

Saiba mais, ou entre em contato em:  Reckitt | Proteger, curar e nutrir | reckitt.com

Sobre a Escola de Saúde Pública da Universidade Yale

Fundada em 1915, a Escola de Saúde Pública de Yale é um dos programas de saúde pública mais antigos dos Estados Unidos. A instituição está na vanguarda da transformação da saúde pública, ao conectar ciência e sociedade para enfrentar os desafios de saúde mais urgentes do nosso tempo. Como uma escola independente dentro da Universidade de Yale, promovemos a colaboração interdisciplinar, a pesquisa de ponta e soluções orientadas pela comunidade para criar inovações em nível sistêmico. Nossa visão — tornar a saúde pública a base de comunidades prósperas ao redor do mundo — nos motiva a formar a próxima geração de líderes, preparados para enfrentar as desigualdades em saúde, tanto globais quanto locais. Por meio desse trabalho, estamos avançando a ciência da saúde pública, influenciando políticas e fortalecendo a confiança nos sistemas de saúde do futuro. Juntos, não estamos apenas imaginando um futuro mais saudável, o estamos construindo.

Sobre a Mode Economics

A Mode Economics é uma consultoria estratégica cuja missão é apoiar seus clientes na melhora da adaptação aos riscos climáticos. Ajudamos nossos clientes a entenderem as implicações das mudanças climáticas para suas realidades, as estratégias adaptativas que podem adotar e os modelos financeiros, políticos e operacionais que são necessários para viabilizar a implementação. Grande parte do nosso trabalho se concentra na interseção entre clima e saúde — e temos a honra de oferecer suporte técnico à SM e à R-Cities nesta iniciativa.

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