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Gianluca Vialli, ídolo do futebol italiano, morre aos 58 anos por câncer de pâncreas: entenda mais sobre a doença

A doença foi descoberta em 2017 pelo ex-jogador; Especialista comenta fatores de risco que podem estar relacionados ao desenvolvimento da neoplasia

Nesta sexta-feira, 6 de janeiro, o ex-jogador do Chelsea e Juventus, Gianluca Vialli, faleceu aos 58 anos devido a um câncer de pâncreas. Ele foi ainda atacante da Itália nas Copas de 1986 e 1990 e, desde 2019, exercia a função de chefe de delegação da Azzurra.

A doença foi diagnosticada pela primeira vez em 2017 e depois em 2021. Durante seu tratamento, ele descreveu o câncer como “um companheiro de viagem” em um documentário exibido em março de 2022, na Netflix. “A doença pode ensinar muito sobre quem você é e pode levá-lo a ir além da maneira superficial como vivemos”, comentou Vialli na época.
 

Segundo a União Internacional para o Controle do Câncer (UICC), apesar da doença ser mais comum a partir dos 60 anos, há um aumento dos casos conforme o avanço da idade: 10 a cada 100 mil habitantes entre 40 e 50 anos para 116 a cada 100 mil entre 80 e 85 anos. Além disso, a neoplasia é comumente mais notada em homens do que nas mulheres.

O pâncreas é o órgão responsável por liberar enzimas que atuam na digestão e na produção de hormônios que ajudam a manter o açúcar do sangue controlado. Medindo cerca de 15 cm, ele é composto pelas seguintes partes: cabeça (lado direito), corpo (centro) e cauda (lado esquerdo).
 

De acordo com João Paulo Fogacci de Farias, oncologista do Grupo Oncoclínicas, o termo “câncer de pâncreas” engloba diversos tipos de tumores malignos. “O termo é usado de maneira genérica, contudo, ele se refere ao tipo mais comum da neoplasia – que se origina na parte exócrina do pâncreas – o adenocarcinoma, responsável por 90% dos casos. Já os demais tipos incluem casos mais raros, como os pancreatoblastomas e neuroendócrinos”, explica.
 

Fatores de risco
 

Dentre os riscos associados ao desenvolvimento do câncer de pâncreas, o oncologista alerta quanto ao tabagismo, etilismo, obesidade, histórico familiar/síndromes hereditárias, diabetes mellitus e também a pancreatite crônica.

“No caso da obesidade, que é um marco presente na sociedade atual, a condição possui relação com diversos problemas de saúde, inclusive o câncer de pâncreas. Contudo, é possível reverter esse quadro uma vez que o fator é modificável”, explica. Ou seja, perder 10% do peso já reduz riscos para a saúde, como indica um estudo publicado no Journal of Endocrinological Investigation, realizado pela Universidade de São Paulo.
 

Estima-se que entre 5% e 10% dos adenocarcinomas de pâncreas sejam de origem hereditária estando frequentemente associados a síndromes genéticas.

Sintomas
 

Na fase inicial da doença, o câncer de pâncreas não costuma indicar sinais ou sintomas. Mas, segundo o oncologista do Grupo Oncoclínicas, conforme ocorre o aumento do tumor e/ou quando há disseminação da neoplasia para outras partes do corpo, iniciam-se os sintomas. Alguns fatores merecem atenção e a procura de um especialista para a investigação correta, como: fraqueza, perda de peso, falta de apetite, dor abdominal, dor nas costas, urina escura, icterícia (olhos e pele de cor amarela), náuseas, dores nas costas, trombose venosa profunda (identificação de um coágulo sanguíneo, geralmente em uma veia principal) e piora abrupta de um diabetes já antigo.
 

Diagnóstico
 

Após a suspeita diagnóstica, a investigação é fundamental para que o início do tratamento ocorra. “Quanto antes o câncer for descoberto, maiores são as chances de cura através do tratamento precoce. Por isso, caso note algo fora do normal, não hesite em procurar um médico”, aconselha João Fogacci.
 

Em apenas 10% e 15% dos casos o diagnóstico se dá em estágios iniciais, uma vez que a doença costuma ser assintomática no começo. “Essa questão, infelizmente, recorre frequentemente no descobrimento tardio da neoplasia”, comenta.
 

O primeiro passo é a realização de um exame físico e também a coleta de dados do paciente, sobre seu histórico familiar e também pessoal. Com isso, ele será submetido a exames complementares, como os laboratoriais (de sangue), de imagem (tomografia computadorizada, ressonância e PET Scan), angiografia (exame de imagem específico para a visualização da relação dos vasos sanguíneos com o tumor) e biópsia.

Tratamento e prevenção
 

Após a confirmação do câncer de pâncreas, em estágio inicial, o oncologista reforça que tanto a cirurgia, como a quimioterapia, são de igual importância. “Caso o paciente tenha condições para realizá-las, ambos os procedimentos serão necessários. Nas últimas décadas, a cirurgia oncológica teve um grande avanço através de técnicas minimamente invasivas, o que leva a recuperação e reabilitação mais rápida do paciente. A cirurgia robótica em câncer de pâncreas é promissora, porém, estudos estão em andamento para comprovar sua segurança”, explica.
 

Uma tendência atual nos casos de doença localizada no pâncreas (apenas estágio inicial) é de realizar a quimioterapia antes da cirurgia. “Estudos mostram que até 50% dos pacientes podem não se recuperar a tempo após a cirurgia de pâncreas para iniciar o tratamento quimioterápico. Além disso, a inversão da ordem pode promover melhores resultados no controle da doença, pois, consequentemente, pode reduzir o tumor e posteriormente facilitar sua remoção”.
 

Contudo, entre 70% e 80% dos casos ainda são diagnosticados em estágio avançado e inoperável, reduzindo muito a probabilidade de cura através dos tratamentos ainda é baixa. Em casos como esse, o objetivo é oferecer o maior conforto possível ao paciente, além dos cuidados paliativos para a diminuição dos sintomas.
 

Como forma de prevenir o risco do desenvolvimento do câncer pancreático, o oncologista cita cuidados importantes para serem colocados em prática. “Evitar o consumo de bebidas alcoólicas, praticar atividades físicas regularmente, ter uma dieta equilibrada rica em frutas, vegetais e grãos integrais, manter um peso saudável e parar de fumar são pontos fundamentais para adotar na rotina. Ficar atento ao histórico familiar e na dúvida buscar orientação médica especializada”.
 

O futuro
 

Apesar de ser considerado uma doença grave e com diversos impactos físicos e psicológicos para os pacientes, o cenário tem sido modificado e cada vez mais otimista quanto aos avanços tecnológicos e estudos na área.
 

“A reversão da alta letalidade do câncer de pâncreas é uma questão de tempo, pois o panorama geral é de bastante esperança. Até 2010, por exemplo, pouco se sabia sobre o comportamento da neoplasia e, com o passar dos anos, avanços como classificações moleculares criadas pioneiramente por Colisson et al seguido por Moffit et al lançaram uma luz, principalmente para dois subtipos moleculares de adenocarcinoma, o clássico e o basal, este último mais agressivo menos responsivo a terapias convencionais. O esforço internacional para a personalização de terapias é enorme e logo poderão ser colocadas em prática para diminuir a letalidade do câncer de pâncreas”, finaliza João Paulo Fogacci de Farias.
 



Sobre a Oncoclínicas

Fundada em 2010, a Oncoclínicas (ONCO3) é o maior provedor de tratamento oncológico do Brasil e da América Latina. O grupo conta com 129 unidades, entre clínicas de especialidades, diagnóstico e prevenção do câncer, centros ambulatoriais de tratamento infusional e radioterapia, laboratórios de genômica, anatomia patológica e centros de alta complexidade (cancer centers), estrategicamente localizados em 35 cidades brasileiras. Desde sua fundação, a Oncoclínicas tem passado por um rápido processo de expansão, com o propósito de elevar e democratizar o acesso ao melhor tratamento oncológico.

O corpo clínico da Companhia é composto por mais de 2.700 médicos especialistas com ênfase em oncologia, além das equipes multidisciplinares de apoio, que são responsáveis pela linha de cuidado integral no combate ao câncer. A Oncoclínicas tem parceria exclusiva no Brasil como o Dana-Farber Cancer Institute, um dos mais renomados centros de pesquisa e tratamento do câncer no mundo, afiliado à Harvard Medical School, em Boston, EUA.
 

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