95% dos esportistas litorâneos de Santos estão dispostos a agir pela conservação do oceano, revela pesquisa inédita
Levantamento nacional conduzido pela Fundação Grupo Boticário em cooperação com UNESCO e Unifesp – Programa Maré de Ciência mostra que 73% dos praticantes de esportes à beira-mar na cidade litorânea paulista indicam que o mar influencia a práticas de suas modalidades esportivas
Pesquisa inédita realizada pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza em cooperação com a UNESCO e Unifesp aponta que 95% dos esportistas que praticam atividades no mar e em ambientes costeiros em Santos (SP) estão dispostos a agir pela conservação do oceano. O estudo “Oceano sem Mistérios: Esporte e saúde à beira-mar“ revela que 48% dos entrevistados na cidade paulista estão dispostos a dedicar tempo e esforço para ações práticas de conservação, enquanto a média nacional é de 44%. Além disso, outros 47% mostram-se aptos a serem “agentes de divulgação” a favor da sustentabilidade marinha.
O levantamento ouviu 763 esportistas da costa brasileira, entre profissionais e amadores. Em Santos, foram 108 participantes. As entrevistas também ocorreram em Salvador (BA), Fortaleza (CE), Rio de Janeiro (RJ), São Luiz (MA), Florianópolis (SC) e Belém (PA).
A pesquisa executada pela Bloom Ocean também traz dados inéditos sobre saúde, qualidade de vida, diversidade e inclusão em esportes como vela, remo, surf, esportes de areia (futebol, vôlei, beach tennis) e natação, além da percepção sobre a acessibilidade de praias brasileiras. Os dados têm margem de erro de 3,54%, com nível de confiança de 95%. Além do processo quantitativo, 40 atletas também foram entrevistados em processo qualitativo.
“Para conseguirmos engajar a sociedade a favor da sustentabilidade do oceano, é de grande relevância entender como as comunidades locais se relacionam de diferentes formas com o ambiente costeiro-marinho. Notamos que os esportistas de Santos estão bastante sensíveis à importância do oceano em nossas vidas e, felizmente, dispostos a agir por essa causa”, afirma Omar Rodrigues, gerente sênior de Engajamento, Comunicação e Relações Institucionais da Fundação Grupo Boticário. “Os dados sugerem que a comunidade esportiva costeira de todo o Brasil tem um perfil mais pró-ativo e engajado em relação à conservação do oceano, representando um público importante para liderar e influenciar a sociedade como um todo”, completa.
Engajamento
Em comparação com a população em geral, os esportistas brasileiros demonstram maior engajamento com a causa oceânica, conforme aponta o cruzamento com dados da pesquisa anterior Oceano sem Mistérios: A relação dos brasileiros com o mar (2022). Entre os esportistas, 91% se mostram dispostos a colaborar: 44% pretendem atuar de forma prática, como “agentes de mudança”, e 47% preferem contribuir como “agentes de divulgação”. Já entre a população geral, conforme dados de 2022, essa disposição é de 82% — com 25% prontos para agir diretamente e 57% inclinados a apoiar a causa por meio da comunicação.
Em Santos, 73% dos esportistas entrevistados reconhecem que o mar influencia a prática de seus esportes e 17% percebem que seus esportes também causam impacto no ambiente marinho e costeiro. Entre os impactos que a prática esportiva pode trazer ao ecossistema marinho estão a perturbação de espécies, pisoteamento da areia, poluição, descarte inadequado de resíduos, entre outros.
Dados nacionais
Ao todo, 39% dos esportistas entrevistados no Brasil já participaram de alguma ação de conservação, destes 73% participaram de atividades relacionadas à coleta de lixo nas praias e 4% de iniciativas de conscientização e educação ambiental. “Unir a paixão pelo esporte à conscientização ambiental pode transformar a relação das pessoas com o mar. Atletas engajados podem ser agentes de mudança, influenciando a sociedade como um todo”, afirma Ronaldo Christofoletti, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente do Grupo de Especialistas em Cultura Oceânica da UNESCO.
Impactos ambientais
A pesquisa também explorou a qualidade do ambiente e o impacto de eventos climáticos na prática esportiva. Para os entrevistados suas atividades à beira-mar ou na água são comprometidas regularmente por chuvas e tempestades (85%), seguido por resíduos sólidos (60%), temperaturas extremas (58%), contaminação da água do mar (34%) e erosão costeira (30%).
Ações e oportunidades
O estudo ainda sugere a tomadores de decisão uma série de medidas para fortalecer o vínculo entre a prática esportiva e a conservação do oceano. Entre as ações sugeridas estão campanhas de sensibilização; programas de educação ambiental voltados a atletas e organizadores de eventos esportivos; inclusão de temas sobre sustentabilidade oceânica nos currículos de cursos de Educação Física; certificações e selos de sustentabilidade para eventos esportivos; garantir a infraestrutura necessária para tornar as praias acessíveis a todos; e envolvimento das comunidades costeiras no planejamento e na implementação de atividades esportivas em ambientes costeiros.
“Esperamos inspirar uma nova visão sobre como as atividades esportivas podem fortalecer a proteção do oceano, estimular políticas públicas, conscientizar o setor privado e enriquecer nossa relação com o mar. Existe um ambiente favorável a uma ação positiva, envolvente e transformadora”, conclui Omar Rodrigues.
SERVIÇO:
Oceano sem Mistérios: Esporte e saúde à beira-mar
Realização: Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza
Cooperação: UNESCO, Unifesp e projeto Maré de Ciência
Baixe o estudo “Oceano sem Mistérios: Saúde e bem-estar à beira-mar” aqui