Saúde

Pressão arterial está relacionada a outras doenças cardiovasculares

Insuficiência cardíaca e renal e acidente vascular cerebral (AVC) são alguns exemplos

A hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, representa o fator de maior relevância no aumento do risco para outras doenças cardiovasculares. Essa preocupante conexão tem levantado alertas no cenário da saúde global, à medida que evidências científicas apontam para uma relação significativa entre a pressão arterial elevada e diversas complicações cardiovasculares. 

Um estilo de vida saudável, com atividade física, dieta equilibrada (baixo teor de sal) e sem tabagismo, é fundamental para prevenir e controlar a pressão arterial. Além disso, como a doença pode ser silenciosa, o rastreamento é essencial para a detecção precoce, assim como o remédio para hipertensão é para o controle. 

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 30% da população mundial são hipertensos. Caso não seja devidamente controlado, o problema pode acarretar complicações graves, como insuficiência cardíaca, insuficiência renal e acidente vascular cerebral (AVC). Nesse sentido, o D’Or Mais Saúde enfatiza a importância da conscientização sobre o controle da pressão arterial para preservar a saúde cardiovascular.

Atenção aos números

Segundo dados da OMS, o número de hipertensos tende a aumentar se medidas preventivas não forem adotadas em escala global. Os riscos associados a essa condição vão muito além do simples desconforto da pressão elevada, pois podem se estender a problemas mais graves e até fatais.

A hipertensão arterial ocorre quando a média da pressão sanguínea nas artérias se mantém em níveis iguais ou acima de 140 por 90 mmHg (ou 14 por 9). Valores considerados normais são em torno de 120 por 80 mmHg (ou 12 por 8).

Um estudo publicado pelo Journal of the American Heart Association revelou que um terço das visitas aos prontos-socorros nos Estados Unidos está relacionado à hipertensão arterial (HA). O levantamento analisou dados de 20 milhões de pacientes estadunidenses e reflete uma realidade global nos serviços de emergência.

No Brasil, a pressão arterial é responsável por 45% das mortes relacionadas a doenças cardiovasculares. De acordo com a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), 32,3% dos brasileiros sofrem com HA e após os 60 anos, esse percentual sobe para 65%.

Problemas cardiovasculares ligados à pressão alta

Uma das principais preocupações, conforme os órgãos de saúde, é o impacto da hipertensão no sistema cardiovascular. A pressão arterial alta sobrecarrega o coração, o que pode levar ao desenvolvimento de doenças como a insuficiência cardíaca. Além disso, a pressão excessiva nas paredes das artérias pode desencadear o acúmulo de placas de gordura, resultando em aterosclerose, uma condição em que as artérias se tornam estreitas e endurecidas, reduzindo o fluxo sanguíneo e aumentando o risco de ataques cardíacos e derrames.

Outra grave complicação da hipertensão é a insuficiência renal. A pressão arterial elevada ao longo do tempo pode danificar os pequenos vasos sanguíneos dos rins, prejudicando sua função de filtragem e regulação do equilíbrio de líquidos e eletrólitos no corpo – substâncias químicas com características importantes para o funcionamento de diversas funções biológicas e processos fisiológicos.

O acidente vascular cerebral (AVC), também conhecido como derrame, é outro desdobramento da hipertensão arterial. Isso ocorre porque o aumento da pressão arterial pode levar ao rompimento de um vaso sanguíneo no cérebro ou ao bloqueio do fluxo sanguíneo para uma região cerebral, resultando em danos permanentes ou mesmo morte.

Uma doença silenciosa

A hipertensão arterial é uma condição crônica com diversos fatores de risco, tanto genéticos quanto comportamentais. Atualmente, é a doença mais comum em todo o mundo e afeta uma parcela significativa da população adulta, principalmente homens.

É crucial ressaltar que a hipertensão arterial muitas vezes é silenciosa, sem sintomas evidentes, o que torna o rastreamento regular e a medição da pressão arterial essenciais para a detecção precoce. Quando os sintomas surgem, conforme o Ministério da Saúde, os mais comuns incluem dores de cabeça, dor na nuca, tontura leve e rubor facial.

Esses sinais, contudo, podem se tornar menos perceptíveis à medida que o corpo se acostuma com a pressão elevada. Essa situação pode levar ao desenvolvimento de lesões em órgãos-alvo sem que o indivíduo acometido perceba, aumentando o risco de complicações mais graves. Portanto, é fundamental o controle adequado da pressão arterial para prevenir danos à saúde e evitar complicações a longo prazo.

Importância da conscientização

De acordo com pesquisa realizada pela Socesp, a falta de conhecimento entre os entrevistados sobre a identificação dos números da pressão arterial elevada é preocupante. Do total de participantes, 53% não souberam reconhecer corretamente os valores relacionados à pressão alta. Entre os que erraram, 34,1% citaram equivocadamente ’16 por 9′, enquanto 18,9% mencionaram ’15 por 9′.

O levantamento foi conduzido com mais de 2 mil pessoas em diversas cidades do estado de São Paulo, incluindo a capital. Além disso, o estudo evidenciou que apenas 36% dos entrevistados reconheceram corretamente que a hipertensão arterial é um fator de risco significativo para problemas cardíacos, quando, na verdade, a doença está diretamente relacionada a essas complicações.

Em entrevista à imprensa, a cardiologista responsável pela pesquisa alertou para as consequências perigosas do desconhecimento sobre a condição. Ela enfatiza que a falta de informação pode levar mesmo aqueles que aferem sua pressão regularmente a acreditar que está tudo bem e a ignorar a necessidade de buscar ajuda médica.

Formas de prevenção 

A pressão alta é uma condição sem cura, mas pode ser tratada e controlada com a adoção de hábitos saudáveis e o uso de medicamentos adequados, sempre sob a orientação do médico. Como parte das medidas preventivas e de tratamento para a hipertensão, diversos órgãos de saúde, instituições médicas e entidades governamentais estabelecem algumas diretrizes. 

Além dos medicamentos disponíveis, é fundamental incorporar um estilo de vida saudável para o controle da pressão alta. Algumas dicas importantes incluem manter um peso adequado com hábitos alimentares saudáveis, evitar o consumo excessivo de sal e optar por temperos naturais em vez de produtos industrializados. 

É recomendado ainda evitar alimentos superprocessados e embutidos, praticar atividade física regularmente (idealmente, cinco vezes por semana) e abandonar o hábito de fumar. O consumo moderado de álcool e a restrição de alimentos gordurosos também são recomendados.

Para aqueles que possuem diabetes ou histórico familiar de pressão alta, é crucial controlar a glicemia e medir a pressão arterial regularmente. Para pessoas com mais de 20 anos, é recomendado aferir a pressão arterial pelo menos uma vez por ano. Se houver histórico familiar ou outros fatores de risco, é aconselhável fazer o acompanhamento pelo menos duas vezes nesse período.

As orientações são da OMS, do Centers for Disease Control and Prevention dos Estados Unidos e do National Health Service (NHS) do Reino Unido.

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